Filme brasileiro vencedor do Oscar é baseado em livro de escritor tetraplégico

Publicado em: 05/03/2025


Os brasileiros, que nunca haviam conquistado o ouro de Hollywood, celebraram as três indicações do filme com o mesmo fervor que dedicam às vitórias na Copa do Mundo. O país competiu em várias categorias do Oscar, principalmente como melhor filme internacional, à qual foi indicado pela última vez com “Central do Brasil”, também sob a direção de Walter Salles.

O filme ganhou vários outros títulos e premiações internacionais, e está sendo assistido por milhares de pessoas em muitos países, além do sucesso de bilheteria nacional, com mais de 5 milhões de expectadores no Brasil, e já arrecadou mais de 104 milhões de reais, o quinto maior valor para uma produção brasileira na história dos cinemas do país.

“Ainda Estou Aqui” trata de um período da história da família do autor, quando ele ainda era criança, no início da década de 1970, momento em que o Brasil enfrentou o endurecimento da ditadura militar. No Rio de Janeiro, a família Paiva – Rubens, Eunice e seus cinco filhos – vive à beira da praia em uma casa de portas abertas para os amigos. Um dia, Rubens Paiva é levado por militares à paisana e desaparece. Eunice – cuja busca pela verdade sobre o destino de seu marido se estenderia por décadas – é obrigada a se reinventar e traçar um novo futuro para si e seus filhos. A produção, baseada no livro homônimo do filho mais novo do casal, Marcelo Rubens Paiva, venceu uma disputa acirrada outros filmes estrangeiros.

Conheça melhor o autor do livro “Ainda Estou Aqui”

Foto do autor Marcelo Rubens Paiva, segurando o seu livro "Ainda estou aqui" com as mãos apoiadas no colo. Marcelo tem cabelo, bigode e barba prateados e bem aparados. É um homem branco de olhos castanhos. Usa camisa de manga curta e calças pretas. Está sentado em sua cadeira de rodas motorizada.

Marcelo Rubens Paiva é um conhecido escritor contemporâneo. Dois fatos marcaram sua vida e sua escrita: a morte do pai, em 1971, por perseguição do regime militar, e um acidente ocorrido quando Marcelo tinha 20 anos, que o deixou tetraplégico. Esses foram temas presentes em sua obra mais famosa, Feliz ano velho (1982), que foi escrita após o autor conseguir retomar o movimento dos braços e pernas. Depois de produzir muitos romances e peças de teatro, ele segue como colunista do jornal Estadão (ou O Estado de São Paulo) desde 2002.

Marcelo Rubens Paiva nasceu em 1º de maio de 1959, em São Paulo (SP). É filho de Rubens Paiva (1929-1971), um deputado, e Eunice Paiva (1932-2018). O golpe militar aconteceu quando Marcelo tinha apenas quatro anos, e seu pai foi exilar-se após seu mandato ser cassado. A família se mudou para o Rio de Janeiro em 1966, mas Rubens Paiva foi preso, torturado e morto cinco anos depois, em 1971. O evento é considerado um “desaparecimento político”, já que o corpo nunca foi encontrado.

Em 1974, Marcelo e seus quatro irmãos mudaram-se para São Paulo com a mãe, e ele ingressou no Colégio Santa Cruz. Já demonstrava seus interesses literários ao escrever para o jornal da escola. O autor também gostava do campo da música, escrevendo letras e concorrendo em festivais.

Ingressou na Universidade Estadual de Campinas para estudar Engenharia Agrícola, mas em 14 de dezembro de 1979, pulou em um lago e quebrou uma vértebra do pescoço, o que o deixou tetraplégico. Paiva tinha apenas 20 anos de idade. Com a ajuda de fisioterapia e terapia ocupacional, ele voltou a mexer as mãos e os braços.

Foi com a mobilidade recém-adquirida que começou a escrever sua obra mais conhecida, Feliz Ano Velho, que foi publicada em 1982, o mesmo ano no qual entrou na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP), no curso de Rádio e TV. Seu mestrado foi feito na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em Teoria da Literatura.

O livro foi o mais vendido na década de 80 no Brasil. Logo depois, o autor ganhou o Prêmio Jabuti, em 1983. Depois desse romance, Marcelo deslanchou, publicando dezenas de livros e peças de teatro cercados de humor e crítica. Desde 2002, Marcelo segue na área da escrita como colunista do jornal Estadão (ou O Estado de São Paulo).

Características das obras de Marcelo Rubens Paiva

Os principais aspectos que podem ser observados nas obras de Marcelo Rubens Paiva são:

  • linguagem coloquial;
  • ironia;
  • engajamento político;
  • humor;
  • crítica social e política.

Principais obras de Marcelo Rubens Paiva

Prosa

  • Feliz ano velho (1982)
  • Blecaute (1986)
  • Ua: brari — do outro lado do mundo (1990)
  • Bala na agulha (1992)
  • As fêmeas (1994)
  • Não és tu, Brasil (1996)
  • Malu de bicicleta (2002)
  • O homem que conhecia as mulheres (2006)
  • A segunda vez que te conheci (2008)
  • Crônicas para ler na escola (2011)
  • E aí, comeu? (2012)
  • As verdades que ela não diz (2012)
  • 1 drible, 2 dribles, 3 dribles: manual do pequeno craque cidadão (2014)
  • Ainda estou aqui (2015)
  • O orangotango marxista (2018)
  • O homem ridículo (2019)

Peças de teatro

  • 525 linhas (1989)
  • E aí, comeu? (Da boca pra fora) (1998)
  • Mais-que-imperfeito (2001)
  • Closet show (2003)
  • As mentiras que os homens contam (2003)
  • No retrovisor (2003)
  • Amo-te (2006)
  • A noite mais fria do ano (2011)
  • O predador entra na sala (2012)
  • C’est la vie (2014)
  • Amores urbanos (2016)

Fontes:
https://mundoeducacao.uol.com.br/literatura
https://uol.com.br
Sinopse divulgação do filme
@marcelorubenspaiva Instagram

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