Morre Judy Heumann, “mãe” do movimento internacional dos direitos das pessoas com deficiência
Publicado em: 16/03/2023
Por Sérgio Gomes
Morreu no último dia 4 de março, aos 75 anos, Judith Ellen “Judy” Heumann, importante ativista estadunidense pelos direitos das pessoas com deficiência. Judith era reconhecida internacionalmente como uma liderança pela garantia dos direitos civis das pessoas com deficiência e considerada por muitos como a “mãe” do movimento pelos direitos das pessoas com deficiência.
Judith foi acometida pela poliomielite quando tinha apenas 18 meses de idade e já na infância sofreu com a discriminação das escolas, pois aos 5 anos de idade, em 1953, lhe foi negado o direito de estudar em uma escola regular por ser considerada um “risco de incêndio” para a escola. Mais tarde, já na vida adulta, Judy teve sua licença de professora negada por ser pessoa com deficiência e processou o Conselho de Educação de Nova Iorque, ganhou a causa e assim se tornou a primeira professora cadeirante do estado de Nova Iorque.
Judy tornou-se uma líder reconhecida internacionalmente na comunidade dos direitos das pessoas com deficiência. Ela foi fundamental no desenvolvimento e implementação de legislações, como a Seção 504, a Lei de Educação de Pessoas com Deficiência, a Lei de Americanos com Deficiência, a Lei de Reabilitação e a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da qual o Brasil e mais de 100 países são signatários, e que têm avançado a inclusão de pessoas com deficiência nos Estados Unidos e em todo o mundo e lutando para acabar com a discriminação contra todas as pessoas com deficiência.
Judy foi membro fundador do Berkeley Center for Independent Livin (Centro de Vida Independente), que foi o primeiro centro nos Estados Unidos a oferecer defesa e serviços que aumentam a conscientização, a colaboração e as oportunidades entre pessoas com deficiência e a comunidade em geral.
Judy ficou conhecida do grande público após participar do documentário Crip Camp, que concorreu ao Oscar de 2020, ela também foi autora do livro Ser Heumann: memórias impertinentes de uma ativista dos direitos das pessoas com deficiência, que foi publicado em 2020.
Judy participou dos governos de Bill Clinton e Barack Obama. No governo Clinton ela foi secretária adjunta do Escritório de Educação Especial e Serviços de Reabilitação do Departamento de Educação dos Estados Unidos de 1993 a 2001. De 2002 a 2006 atuou como a primeira Conselheira sobre Deficiência e Desenvolvimento do Grupo Banco Mundial, liderando o trabalho do Banco Mundial sobre deficiência. Em 2010, Judy Heuman tornou-se Conselheira Especial sobre Direitos Internacionais de Deficientes do Departamento de Estado dos EUA, nomeada pelo então presidente Barack Obama. Judy foi a primeira pessoa a ocupar esse cargo no departamento de Estado e com a mudança de governo em 2017 o cargo foi desativado.
Judith Heumann morreu na tarde do dia 4 em Washigton, DC, EUA e a causa de sua morte não foi divulgada.