Audiodescrição proporciona acesso a cultura e lazer para pessoas com deficiência visual
Publicado em: 25/09/2016
A audiodescrição (AD) é uma técnica de informação em voz que amplia o entendimento das pessoas com deficiência visual em eventos culturais, gravados ou ao vivo, como: peças de teatro, cinema, desfiles, eventos esportivos, palestras, filmes e outros.
Trata-se de um recurso que descreve, de forma clara e objetiva, as informações que não estejam contidas nos diálogos, como expressões faciais e corporais, figurinos, efeitos especiais, mudanças de tempo e espaço.
Para não se sobrepor ao conteúdo sonoro relevante, a AD acontece nos espaços entre os diálogos e nas pausas entre as informações sonoras do filme ou espetáculo. Assim, proporciona ao usuário a informação contida na imagem ao mesmo tempo em que esta aparece, possibilitando que a pessoa desfrute integralmente da obra, seguindo a trama e captando a subjetividade da narrativa, da mesma forma que alguém que enxerga.
Segundo a audiodescritora Lívia Motta, “quem experimenta a AD não quer mais ficar sem essa ferramenta de acessibilidade, pois ao participar de eventos em igualdade de condições sente-se respeitado e incluído”. Para Lívia, que também é criadora do espaço virtual Ver com Palavras, “para que a audiodescrição seja totalmente integrada à obra, é preciso sensibilidade para usar o vocabulário adequado e o tom de voz ideal”.
WhatsCine
Disponível para as plataformas Android e iOS, o aplicativo WhatsCine possibilita acessibilidade no cinema para cegos e surdos. O mecanismo é simples: um roteador, acoplado a um computador fica na sala de projeção e permite que os espectadores baixem gratuitamente o aplicativo em smartphones ou tablets. As pessoas com deficiência visual escutam a audiodescrição com uso de fone de ouvido e os surdos acompanham na tela do telefone um intérprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais).
“A audiodescrição proporciona um verdadeiro conforto para mim. Eu ouço, vejo, e sinto as mesmas emoções que os outros. Ao final do evento, posso discutir e comentar com as mesmas informações que os outros tiveram”, diz Antonio Carlos Barqueiro, que possui deficiência visual.
Em dois anos, todas as salas de cinema deverão ser acessíveis
A ANCINE (Agência Nacional do Cinema) realizou, no dia 15 de setembro, uma solenidade para anunciar a instrução normativa de 13 de setembro de 2016, que dispõe sobre as normas de acessibilidade visual e auditiva a serem observadas nos segmentos de distribuição e exibição cinematográfica do Brasil.
De acordo com a norma, todas as salas do país deverão oferecer recursos de acessibilidade em todas as sessões comerciais, como legendagem, legendagem descritiva, audiodescrição e Língua Brasileira de Sinais (Libras). O prazo de adaptação é de dois anos, mas em 14 meses, metade das salas de cada grupo exibidor deverá estar devidamente acessível.
Como a acessibilidade ainda não está disponível em todas as salas de cinema, teatro e espetáculos, é preciso consultar para saber se o local já dispõe de audiodescrição.